Nos últimos 15 anos, governos, ministros da educação e autoproclamados especialistas têm se empenhado em transformar a educação no Brasil em sinônimo de provas, testes padronizados, rankings, concursos, avaliações e premiações para os mais capazes. A ideia central dessa concepção do ensino escolar pode ser resumida em uma palavra: competição. Competição entre alunos, competição entre professores, competição entre escolas, competição por recursos. As condições dos professores, das crianças, das escolas e das famílias pouco importam, o principal é o indivíduo, a responsabilidade individual. É verdade que não estamos sozinhos, pois um grande número de países tem seguido esse caminho, a começar pelos Estados Unidos. Mas isso não é garantia de que a trilha seja a mais correta ou promissora.
A experiência da Finlândia tem sido já há algum tempo citada como uma forma distinta de ver a educação como política pública. Na verdade, a Finlândia iniciou décadas atrás uma mudança radical no seu sistema escolar e foi, paradoxalmente, um teste internacional (o PISA) que atraiu a atenção para um país que consistentemente tem apresentado um dos melhores desempenhos em todas as áreas de ensino avaliadas. Os que defendem a competição como princípio às vezes citam a Coreia como justificativa, mas o modelo coreano também não se resume a esse fator (por exemplo, os professores primários coreanos estão entre os mais bem remunerados e formam uma categoria altamente respeitada). A Finlândia, por sua vez, além de ter elevado os professores e as escolas à condição de prioridade nacional, rejeita por princípio a competição como princípio educacional.
A revista Smithsonian publicou no seu último número uma matéria sobre o sistema educacional finlandês, que diz (ver a matéria completa aqui):
“There are no mandated standardized tests in Finland, apart from one exam at the end of students’ senior year in high school. There are no rankings, no comparisons or competition between students, schools or regions. Finland’s schools are publicly funded. The people in the government agencies running them, from national officials to local authorities, are educators, not business people, military leaders or career politicians. Every school has the same national goals and draws from the same pool of university-trained educators. The result is that a Finnish child has a good shot at getting the same quality education no matter whether he or she lives in a rural village or a university town. The differences between weakest and strongest students are the smallest in the world, according to the most recent survey by the Organization for Economic Co-operation and Development (OECD). “Equality is the most important word in Finnish education. All political parties on the right and left agree on this,” said Olli Luukkainen, president of Finland’s powerful teachers union.”