Para vários analistas, o Ipad, o tablet da Apple, iniciou uma revolução na forma com que hoje lidamos com a informação, baseada em computadores de mesa, notebooks, netbooks e smartphones. Outros são bem menos entusiastas e até condenam o tablet como nada mais do que um brinquedo caro e totalmente irrelevante.
O tablet da Apple, porém, tem ido muito além das expectativas não só dos primeiros críticos, mas possivelmente também dos seus próprios idealizadores – e isso não só em termos de vendas, que têm sido enormes.
Apesar de ser, originalmente, destinado em especial a vídeos, jogos e música, o Ipad tem sido adotado por profissionais das mais diferentes áreas. Médicos, músicos, artistas plásticos, físicos e educadores, por exemplo, têm explorado diferentes usos do Ipad e, em alguns casos, descoberto nele uma ferramenta que pode auxiliar ou mesmo mudar a forma de seu trabalho diário.
E para os historiadores, o Ipad pode ser de alguma utilidade? Essa pergunta surgiu em uma conversa com meus alunos, no intervalo de uma aula de pós na FEA. Dou minha opinião com alguns exemplos.
Um primeiro recurso para os interessados em história é o dos programas (“apps“) educacionais, por exemplo mapas históricos e enciclopédias (inclusive Wikipedia, via app Wikipanion). Com centenas de apps sendo adicionados semanalmente ao App Store, bons programas educacionais na área de história deverão continuar aparecendo nos próximos meses.
Mais interessante ainda é o papel do tablet como um leitor de livros eletrônicos. Ainda que não seja tão boa para leitura de livros como a do Kindle da Amazon, a tela de 9,7 polegadas do Ipad facilita bastante a vida dos leitores, ainda mais sendo sensível ao toque, recurso que o Kindle não possui (embora o Nook da Barnes & Noble sim). Os apps para a leitura de livros são excelentes, tais como o Ibook da Apple e o próprio Kindle da Amazon, ambos gratuitos. As várias bibliotecas de livros clássicos e de domínio público permitem acesso amplo e gratuito a uma grande parte dos clássicos da literatura mundial, inclusive os de história. Uma lástima para as editoras que exploram o mercado com preços exorbitantes, mas uma ótima notícia para nós, os leitores.
Há um outro recurso especial do Ipad relacionado à leitura. Boa parte do que os pesquisadores lêem hoje, de artigos a teses, estão no formato PDF. No caso dos historiadores, há além disso um número crescente de documentos e bibliotecas que estão sendo digitalizados, muitas vezes na forma de PDFs com imagens. Veja por exemplo a lista de fontes digitais na coluna à esquerda deste blog. Há programas do Ipad (o excelente Goodreader, por exemplo) que permitem a leitura e edição de PDFs, facilitando enormemente a vida do pesquisador. Com eles é possível buscar, fazer anotações, desenhos, comentários e depois organizar os documentos em pastas, de uma forma bem mais prática e simples do que no computador.
Um outro uso do Ipad é na pesquisa em arquivos. Com a nova câmera traseira do Ipad 2, agora é possível usar o aparelho para (quando permitido) tirar fotos digitais dos documentos para depois lê-los em casa. Nada diferente do que faz uma máquina fotográfica digital, mas a tela de 9,7 polegadas do tablet é uma vantagem nada desprezível para quem fica horas em pé tirando fotos de documentos antigos. O problema é a qualidade das imagens, pois a câmera do Ipad 2 não é nada poderosa (menos de 1 megapixel).
Parece então que há algo no Ipad também para os historiadores. E outras novidades devem surgir com os apps e recursos dos novos tablets com Android programados para os próximos meses.