Após a boa notícia da coleção integral e digitalizada da Conjuntura Econômica, vale registrar um outro periódico cuja coleção completa está disponível para consulta e que é igualmente importante para os pesquisadores em história econômica: a Revista de Economia Agrícola, publicada a partir de 1951 pela Secretaria da Agricultura e posteriormente pelo Instituto de Economia Agrícola do Estado de São Paulo.
Com 9 números em 1951 e periodicidade mensal a partir de 1952, a Revista de Economia Agrícola trazia em cada edição informações sobre mercados e preços dos produtos agrícolas, análises e previsões de safras e vários estudos específicos sobre atividades agropecuárias, inclusive trabalhos de conteúdo histórico.
Um exemplo dos estudos avulsos é a série de artigos sobre o “reerguimento das fazendas de café”, publicados em 1951. Esses estudos avaliaram alguns programas de reestruturação de fazendas da zona velha do café (Vale do Paraíba paulista), com informações sobre medidas tomadas, produtividade e custos (ver aqui um exemplo). Em algumas ocasiões, os textos chegam a trazer informações detalhadas sobre a estrutura de receitas e despesas da fazenda, como no caso de uma propriedade situada em Caçapava.
Há diversos outros estudos setoriais úteis para aqueles interessados em estudar as condições de produção, da tecnologia e da produtividade na agricultura de São Paulo. Um exemplo encontra-se em um texto sobre a “rentabilidade da lavoura do café a diferentes níveis de produtividade na safra 1962/63“. Outro, com séries de tempo, trata do “rendimento do algodão beneficiado em São Paulo de 1930 a 1962“.
Há também estudos sobre os trabalhadores na agricultura, como um que resume os dados de um levantamento oficial sobre a mão-de-obra agrícola em 1955. Nesse texto, são estimados o número e a distribuição de proprietários e de diferentes categorias de não-proprietários (ver a tabela original no artigo citado). Detalhe interessante: colonos, arrendatários e parceiros constituíam 52,2% e os propriamente assalariados (camaradas) representavam 6,2% do total de proprietários e não-proprietários. Considerando apenas o segmento de não-proprietários, os colonos, arrendatários e parceiros chegavam a 70,5%.
A propósito, essa não parece ser uma distribuição de trabalhadores agrícolas muito diferente daquela retratada no Oeste Paulista do século XIX por Warren Dean, em Rio Claro. Um sistema brasileiro de grande lavoura, 1820-1920. São Paulo, Paz e Terra, 1977.