No gráfico abaixo, uma forma de ver a distribuição entre lucros e salários na indústria brasileira antes e durante o chamado “milagre econômico” (1968-1973). Produtividade e salários indicam grande redistribuição da renda da indústria em favor dos lucros – ou seja, um aumento da desigualdade no “milagre”.
Entre 1964 e 1973, a produtividade do trabalho na indústria manufatureira cresceu substancialmente mais do que os salários reais dos trabalhadores, reduzindo o custo unitário do trabalho, o que é equivalente a um aumento na parcela da renda apropriada na forma de lucros. Talvez surpreendentemente, a crescente divergência entre produtividade e salários aparece já na segunda metade da década de 1950, em pleno auge do desenvolvimentismo durante o governo Juscelino Kubitschek.
Definições: salário = salário médio do pessoal ocupado na produção deflacionado pelo IPA-DI; produtividade do trabalho = razão entre Valor da Transformação Industrial e pessoal ocupado na produção; custo unitário do trabalho = razão salário/produtividade do trabalho.
Figura criada com hvplot e bokeh. Fontes principais: Pesquisas Industriais e Censos Industriais do IBGE. Detalhes dos conceitos e dados nas referências a seguir.
Referências:
Renato P. Colistete, “Salários, produtividade e lucros na indústria brasileira, 1945‑1978“, Revista de Economia Política, 29(4), 2009.
Dante M. Aldrighi and Renato P. Colistete, “Industrial Growth and Structural Change: Brazil in a Long-Run Perspective”, in Naudé, W. et al. (eds). Structural Change, Industrialisation and Poverty Reduction in the BRICS. Oxford: Oxford UP, 2015. (ou working paper aqui).
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