Solow sobre Piketty

Muitos já devem ter lido “Capital in the Twentieth-Century“, do Thomas Piketty, ou estão acompanhando as resenhas do livro, que é um dos assuntos mais quentes nas últimas semanas em jornais e revistas. O Pedro Duarte me mandou esta longa e detalhada resenha publicada pelo Solow na New Republic que achei bastante informativa. A resenha do Solow me pareceu superior à publicada por Paul Krugman na New York Review of Books (ver aqui).

Para aproveitar a viagem, comento uma impressão que tive em relação ao texto do Krugman. A resenha dele me deu aquela sensação que se tem quando se lê um texto que diz que alguém descobriu algo há muito conhecido:

“The result has been a revolution in our understanding of long-term trends in inequality. Before this revolution, most discussions of economic disparity more or less ignored the very rich.”

“In particular, he and a few colleagues (notably Anthony Atkinson at Oxford and Emmanuel Saez at Berkeley) have pioneered statistical techniques that make it possible to track the concentration of income and wealth deep into the past—back to the early twentieth century for America and Britain, and all the way to the late eighteenth century for France.”

“It therefore came as a revelation when Piketty and his colleagues showed that incomes of the now famous “one percent,” and of even narrower groups, are actually the big story in rising inequality. And this discover…”

“What do we know about economic inequality, and about when do we know it? Until the Piketty revolution swept through the field, most of what we knew about income and wealth inequality came from surveys, in which randomly chosen households are asked to fill in a questionnaire, and their answers are tallied up to produce a statistical portrait of the whole.”

Esse tipo de análise da desigualdade, que usa percentis, top percentis e informações de impostos e outras fontes para medir renda e riqueza, é algo corrente nos estudos de história econômica da desigualdade há pelo 50 anos (!), sem contar os trabalhos clássicos de Simon Kuznets (1953, 1955) – adiciono: Piketty, Atkinson e Saez partiram de Kuznets na análise das participações dos grupos de renda, como eles exaustivamente mencionam nos trabalhos antigos, assim como Piketty o faz no livro atual.

Ok, sei que Krugman está falando sobre “economistas”, mas a maioria desses estudos a que me refiro é de economistas também, afinal de contas. E mesmo se não fossem, é justificável desconsiderar que existem? Afinal, qual é o custo de se reconhecer o conhecimento acumulado numa determinada área de pesquisa?

3 comentários em “Solow sobre Piketty

  1. Professor,

    Vale destacar que o Piketty reconhece que seu trabalho é, de certa maneira, uma continuação do trabalho do Kuznets:

    “In the field in which I’m working, it’s very strange that the work of [Simon] Kuznets that was done in the ’50s was not really pushed further. Part of the reason is because it’s too historical for economists and maybe also too economic for historians.”

    http://www.vox.com/2014/4/24/5643780/who-is-thomas-piketty#interview

    Mas de fato lendo a resenha do Krugman parece que o Piketty inventou a roda.

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s