Quem se interessou alguma vez pela história econômica e social brasileira certamente se deparou com imagens e relatos das ferrovias que começaram a ser construídas no Brasil a partir de 1855. Ao lado de café, fazendas, escravos e imigrantes, as ferrovias são parte do Brasil moderno, com todos os seus paradoxos de riqueza, crescimento e glória, e de pobreza, desigualdade e injustiça. A historiografia sobre as ferrovias é relativamente rica, começando com o livro clássico e fundamental de Adolpho Augusto Pinto. História da Viação Pública de S. Paulo (Brasil). São Paulo, Typographia e Papelaria de Vanorden & Cia, 1903.
Não só os interessados em geral nas ferrovias, mas também os pesquisadores em história econômica encontrarão material valioso nos sites mantidos pelo pesquisador Ralph Mennucchi Giesbrecht. Ele tem realizado um trabalho notável de preservação de informações e da memória das ferrovias, a começar pelo “Estações Ferroviárias do Brasil“, provavelmente o mais completo site sobre a história das ferrovias brasileiras. Uma das informações mais úteis compiladas por Giesbrecht é a das estações das linhas ferroviárias. As de São Paulo, por exemplo, são ordenadas por nome, companhia e ramal. Para cada estação, há um histórico da linha, com data de inauguração, construção do prédio principal, uso atual, informações gerais da estação e fotos antigas e atuais, de várias coloboradores (ver, por exemplo, a estação de Itirapina).
Mais um site importante (na verdade, uma seção do site principal) é o das “ferrovias industriais“, ou seja, ramais ferroviários privados mantidos por empresas de São Paulo e outros estados. O levantamento ainda está incompleto, mas as informações disponíveis já são valiosas, inclusive pela dificuldade de encontrar dados sobre essas linhas. Um exemplo é a E. F. Dumont, da fazenda Dumont em Ribeirão Preto.
Giesbrecht organizou uma cronologia das estradas de ferro de SP, desde a inauguração da São Paulo Railway (Santos – Jundiaí) em 1867 até 1990. Mais que uma simples cronologia, há aqui um registro detalhado de inaugurações, compras, vendas, extensões e encerramentos de ramais em todo o estado.
Por fim, Giesbrecht mantém uma seção de seu site com denúncias sobre a destruição das ferrovias e de seu patrimônio em todo o estado de São Paulo, um triste episódio que a privatização do sistema ferroviário só agravou até o momento.